Com grandes florestas urbanas, Grande Rio tem 37% dos moradores vivendo em ruas sem nenhuma árvore, diz IBGE

Com 62,2% de moradores vivendo em ruas arborizadas, o Rio está abaixo da média nacional de 66%. Os números são do Censo Demográfico 2022 - Características...

Com grandes florestas urbanas, Grande Rio tem 37% dos moradores vivendo em ruas sem nenhuma árvore, diz IBGE
Com grandes florestas urbanas, Grande Rio tem 37% dos moradores vivendo em ruas sem nenhuma árvore, diz IBGE (Foto: Reprodução)

Com 62,2% de moradores vivendo em ruas arborizadas, o Rio está abaixo da média nacional de 66%. Os números são do Censo Demográfico 2022 - Características urbanísticas do entorno dos domicílios, último estudo do IBGE divulgado nesta quinta-feira (17). A Rua da Alfândega, no Centro do Rio é uma das vias sem árvores no município Reprodução Google Maps A região do Grande Rio, que concentra os principais municípios do estado do Rio de Janeiro, conta com 37,8% de seus moradores vivendo em ruas e avenidas sem nenhuma árvore plantada. Com 62,2% de pessoas morando em ruas arborizadas, o Rio está abaixo da média nacional de 66%. Os números são do Censo Demográfico 2022 - Características urbanísticas do entorno dos domicílios, último estudo do IBGE divulgado nesta quinta-feira (17). O fato de 37% morarem em ruas sem árvores contrasta com duas das maiores florestas urbanas do planeta, a Floresta da Tijuca, na Zona Norte, e o Parque Estadual da Pedra Branca, que ocupa 12,5 mil hectares na Zona Oeste. A contradição fica mais evidente ao ver que o Rio ostenta o título de Patrimônio Mundial da Unesco por sua paisagem que integra mar, montanhas e floresta, e ainda assim deixa moradores de bairros como Madureira, Campo Grande e Santa Cruz com pouca sombra em seus caminhos. Madureira é um dos bairros com poucas árvores no Rio Reprodução/TV Globo Segundo especialistas, a falta de áreas verdes nas cidades facilita a formação de ilhas de calor, alagamentos e poluição. RJ longe dos estados mais arborizados De acordo com os dados do IBGE sobre áreas arborizadas, o Rio de Janeiro está bem distante de estados como Mato Grosso do Sul, onde 92,4% dos moradores vivem em ruas com pelo menos uma árvore. O Paraná, com 82,6% de pessoas vivendo em ruas com árvores, Goiás (81,9%) e Distrito Federal (84,2%) apresentam percentuais significativamente maiores daqueles do Rio de Janeiro, segundo o Censo de 2022. Ranking dos estados com mais moradores vivendo em ruas com árvores: Mato Grosso do Sul - 92,4% Distrito Federal - 84,2% Paraná - 82,6% Goiás - 81,9% Mato Grosso - 80,9% Tocantins - 79,1% Rondônia - 78,3% Rio Grande do Sul - 76,6% São Paulo - 74,4% Ceará - 68,9% Piauí - 66,7% Rio Grande do Norte - 66,1% Paraíba - 64,7% Minas Gerais - 64,3% Rio de Janeiro - 62% Amapá - 60,1% Espírito Santo - 55,9% Maranhão - 52,8% Pará - 52,1% Roraima - 51% Pernambuco - 49,1% Bahia - 48,9% Alagoas - 45,4% Amazonas - 44,6% Acre - 42,1% Santa Catarina - 41% Sergipe - 38,5% Floresta replantada O IBGE revelou que o Rio está em uma posição intermediária no ranking nacional de moradores com ruas arborizadas, longe dos líderes. Enquanto isso, a Floresta da Tijuca, com seus quase 4 mil hectares de Mata Atlântica, atrai turistas e cariocas em busca de trilhas e cachoeiras. Parque Nacional da Tijuca Marcos Serra Lima/G1 Essa floresta, por sinal, é fruto de uma política de reflorestamento, visto que ela foi replantada no século XIX para salvar os mananciais de água da cidade — um esforço histórico que hoje não se reflete nas políticas de arborização urbana. Entre os diferentes motivos para o Rio ter ruas sem a presença de árvores estão: A expansão urbana desordenada, com bairros periféricos que cresceram sem planejamento verde, priorizando asfalto e infraestrutura básica; e a falta de manutenção de muitas árvores, que acabam precisando ser removidas por risco de queda e a falta de replantio. Déficit de 1 milhão de árvores Em 2023, um estudo da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana revelou que o município do Rio tem um déficit de aproximadamente um milhão de árvores. O levantamento mostra que as zonas Norte e Oeste do Rio são as mais prejudicadas. Segundo a Sociedade, os bairros com menos cobertura vegetal são: Cordovil; Santa Cruz; e Bangu A situação é diferente em parte da Zona Sul. Os bairros com mais árvores no Rio de Janeiro são Jardim Botânico, e Gávea, além do Grajaú, na Zona Norte. Arborização atenua calor, mas Rio tem déficit de 1 milhão de árvores Quem mora em Cordovil paga um preço caro pela falta de áreas verdes. Quanto menor o número de árvores, menos sombra, menos umidade, menos frescor. "Quando você avançou para áreas que se desenvolveram junto às linhas de trem, tanto ramal da Leopoldina quanto ramal da Central, a arborização não foi tão bem focada. Tem uma diferença bastante significativa, de 3 a 5 graus de temperatura, entre locais com arborização e sem arborização", diz Flávio Telles, da Sbau. já um estudo do Observatório do Calor da UFRJ apontou que a diferença de temperatura entre os bairros com mais ou menos árvores pode chegar a 11 graus celsius. Segundo os pesquisadores, além das árvores há outros fatores que influenciam a temperatura média de um bairro como proximidade da brisa marítima, de rios e lagoas, maior ou menor circulação de veículos automotores, entre outros. A Rua Barão da Torre, em Ipanema, é bem arborizada Reprodução Google Maps

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